O impacto da pandemia do COVID-19 na Saúde Mental

Os psiquiatras têm uma posição exclusiva para ajudar os seus doentes e a comunidade em geral a entender o impacto potencial do vírus e a ajudar os doentes, as famílias e a sociedade a lidar com essa ameaça mais recente Num artigo publicado no Psychiatric Times, Nidal Moukaddam e Asim Shah, salientam a importância da psiquiatria na intervenção das reações psíquicas ao fenómeno pandémico associado ao COVID-19.

Consideram que a “pandemia do COVID-19 gera preocupações de um pânico generalizado e aumenta a ansiedade em indivíduos sujeitos à ameaça (real ou percebida) do vírus”. Porque é que esta pandemia tem mais relevância do que outras infeções ou epidemias, como a gripe, por exemplo? Isso resulta, essencialmente, do facto de os meios de comunicação social destacarem o COVID-19 como uma ameaça única, muito diferente de outras – o que é verdade – mas que tem como efeito o aumento do stress e do pânico entre as pessoas.

Sendo evidente que as pandemias têm impactos em diferentes níveis, para além do nível médico, nomeadamente o nível social e o individual, alguns aspetos desse impacto social são a xenofobia e o estigma e do impacto individual são o pânico e o stress.

À medida que as preocupações com a ameaça percebida aumentam, as pessoas podem começar a coletar (e possivelmente acumular) máscaras e outros suplementos médicos o que, normalmente, é seguido por comportamentos relacionados com a ansiedade e alterações do sono.

Ora os Indivíduos com doença mental podem ser particularmente vulneráveis ​​aos efeitos do pânico e ameaça generalizados, como já foi demonstrado para outras situações. Desde logo estão mais vulneráveis ao desenvolvimento de depressões, ansiedade, sintomas obsessivos e mesmo exacerbação de sintomas psicóticos. Por tudo isto, os psiquiatras têm uma posição exclusiva para ajudar os seus doentes e a comunidade em geral a entender o impacto potencial do vírus e a ajudar doentes, famílias e a sociedade a lidar com esta ameaça mais recente.